Furto da sorte no fim do dia,
coração em nostalgia,
desespero de ações disruptivas,
ansiedade por resultados
não esperados.
Planejados pelas mãos divinas?
Cheiro de chocolate,
fábrica de sonhos desencontrados,
meia-noite no farol fechado,
luz vermelha:
Pare, frente ao desespero!
Mãos no volante,
gira à esquerda,
contorna o jardim sem flores,
vira à direita,
rua desolada,
apagada da memória da cidade.
Olhos perdidos no fim da avenida,
vitrine da alma,
absorvida pelas nuances da vida.
Lágrima teimosa,
faz hora,
enrola os sentimentos,
cai, finalmente,
no rosto cansado
de desejar vivências abstratas.
Pé no freio,
um cachorro corre,
atravessa a rua,
buscando sua sina
nas latas de lixo das esquinas,
enlutadas pela noite
que finaliza o dia chuvoso,
enchendo de mistérios
passados ocos,
agregados de nada,
significados do que não aconteceu,
morte sem nascimento,
pensamento caótico
sucumbe à melodia
da esperança de um novo dia,
vinda da janela iluminada
por uma vela,
da casa ao lado
do Bar 54.
Imagem de Dimitris Vetsikas por Pixabay
