Imensidão da noite,
mar de escuridão profunda,
passos rumo ao desconhecido,
ansiedade estremece o corpo,
sensação frenética de novidade,
frio na barriga,
a espera foi longa,
é chegada a hora da partida.
Golpe de sorte,
a esperança doma a rebeldia da morte,
o além grita,
estica a curva espiralada,
a vida desliza pelo atalho
aberto ao lado.
Sorriso largo,
sonhos sobrevivem ao contato
com o carcereiro de almas nômades,
corpos guiados pelo acaso,
estradas construídas com retalhos de pedras,
antes obstáculos da guinada do destino,
escolhido por olhares saudosos.
Imensidão da noite,
hora do repouso
de desejos angustiados,
escondidos em malas fechadas,
marcados em fotografias amareladas,
filtro do tempo
no papel de memórias,
simbolizadas por afetos,
histórias congeladas,
eternizadas em imagens,
olhos dos confins da alma,
mirando o "para sempre",
em cores branco e preto.
Saudade da poeira da estrada,
do café feito às pressas,
das ruas desertas,
das madrugadas frias,
temperatura da nostalgia
a gemer fantasias,
relembrando a poesia
que escreve histórias de vidas
quando o presente nos cega
para futuros inimagináveis.
Imagem: mkrause / 10 image
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