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domingo, 28 de janeiro de 2024

Partes Incongruentes











Quando os seus olhos mirarem

a nuvem branca num céu acinzentado,

solitária,

esperando anoitecer para ser camuflada,

entenderás minha contrariedade

às meias-verdades

ditas sorrateiramente

ao pé do ouvido,

longe dos sonhos desejados,

acossados

por gestos indecifráveis.

 

Quando você sentir o sol se afastar,

o calor frio da indiferença na presença,

as mãos que sinalizam um “até mais” permanente,

perceberás,

cercado de lembranças

que as chances mínimas,

matérias-primas da esperança,

raramente chegam a se concretizar.

 

Quando você rezar

nas noites do seu desespero,

zelando pelo inalcançável,

agredindo-se em silêncio,

amando o impossível

em ilusões dilacerantes,

cópias de tormentas infernais,

abandonarás o jogo a que foi submetido,

desistindo antes do fim da partida.

 

Quando você ouvir um chamado

explodindo no seu peito,

clichê de autoajuda

sem se desprender da realidade,

entre fatos e crenças infundadas,

sentirás que o caminho foi escolhido,

empurrando-te para a estrada,

alterando o destino,

a rota de sua existência,

confusa e incongruente,

restabelecendo a serenidade

em um espírito sem maldade.


Imagem de Roman Kogomachenko por Pixabay