Quando os seus olhos mirarem
a nuvem branca num céu acinzentado,
solitária,
esperando anoitecer para ser camuflada,
entenderás minha contrariedade
às meias-verdades
ditas sorrateiramente
ao pé do ouvido,
longe dos sonhos desejados,
acossados
por gestos indecifráveis.
Quando você sentir o sol se afastar,
o calor frio da indiferença na presença,
as mãos que sinalizam um “até mais” permanente,
perceberás,
cercado de lembranças
que as chances mínimas,
matérias-primas da esperança,
raramente chegam a se concretizar.
Quando você rezar
nas noites do seu desespero,
zelando pelo inalcançável,
agredindo-se em silêncio,
amando o impossível
em ilusões dilacerantes,
cópias de tormentas infernais,
abandonarás o jogo a que foi submetido,
desistindo antes do fim da partida.
Quando você ouvir um chamado
explodindo no seu peito,
clichê de autoajuda
sem se desprender da realidade,
entre fatos e crenças infundadas,
sentirás que o caminho foi escolhido,
empurrando-te para a estrada,
alterando o destino,
a rota de sua existência,
confusa e incongruente,
restabelecendo a serenidade
em um espírito sem maldade.
Imagem de Roman Kogomachenko por Pixabay
