Espelho de minha alma
abandonado em um baú semiaberto,
guardado no sótão,
todo empoeirado,
reflete a luz do sol,
todas as manhãs,
em direção à janela de cortinas envelhecidas,
manchadas pelo esquecimento de uma vida regular,
sem novidades,
sem asas,
quase nada.
Espelho de minha alma,
aqui, do lado de fora,
ainda há claridade
na noite de luar,
onde as esperanças dançam embaladas pela música das estrelas,
pelos copos cheios
e pelas risadas bandoleiras.
Espelho de minha alma,
reflexo de minha vida,
traços profundos na face do tempo,
memórias desenhadas,
imagens que se desfazem lentamente,
carregadas pelas lágrimas constantes
ao olhar no retrato do que era antes.
Imagem de Enrique Meseguer por Pixabay