O riso também revela dor,
às vezes não tem pudor,
demonstra mágoa,
esconde raivas,
provoca torpor.
O riso também desperta alegria,
às vezes é uma manifestação de nostalgia,
um movimento de desdém
ou uma expressão de alívio.
O riso é ambíguo,
multifacetado,
às vezes prelúdio de um risinho,
outras, antecipação de uma gargalhada.
O riso é universal,
ocasionalmente convencional,
por vezes, marginal.
O riso desliza pelas camadas sociais,
algumas vezes acomodado em caixas morais,
quase sempre, insubordinado.
O riso é palco de desavenças,
ferramenta de aduladores,
válvula de escape de hipócritas,
resquício de felicidade dos ingênuos,
linguagem da perversidade
ou água benta.
Poema publicado na revista Ecos da Palavra, N.6, 2021, editada por Catarina Dinis Pinto.
Link da revista: https://pt.calameo.com/read/0065822525f72c899e226
Imagem de Alexey Marcov por Pixabay